sexta-feira, março 16, 2007

homem




o homem entrou carregado de sombras
foi lugar no instinto dos sons da noite
e entrou no lado errado da rua.
o homem sentou-se esgotado
sentiu frio,
sabores
e desejos.
sonhou!
o banco era a sua casa,
suja, húmida, sem calor.
navegou no vento,
com remos de prazer
cortou as veias à vida,
e o sangue aqueceu-o.
traiu o amor
num corpo desconhecido.
desejou um rosto aberto
atravessado na paixão
do precário silêncio.

o homem sentiu-se homem,
no ventre de uma mulher!


l.maltez

terça-feira, março 06, 2007

lugar misterioso


deslizei vagarosamente nas palavras frágeis da vida. arrastei o olhar, depois de mim e parei na sombria manhã cinzenta. não entrei. o cansaço deixou-me presa à rua tingida de afectos. bebi apressadamente as sombras exaustas, penetrei num olhar bêbado de maresia e pressenti a aproximação do mar. deambulei sem medos, sem fulgir o dia , deambulei até sentir a voz do mar. centrifuguei o peso da pressão que sentia no corpo, murmurando através do silêncio, o tempo íngreme do instinto que me fazia prosseguir. ocultei com as mãos a cara chamejante, e segui o destino melancolicamente. sabia que chamava por mim, o meu nome era repetido insistentemente, numa voz pálida mas volúpia. o sangue saltava das veias fervente, tinha um aprazível sabor a sal. resvalei até ao limite da efígie, abraçou-me a onda, num terno vacilar.


deixei a maré abrigar-me, fui vicio, amor ardente, excitação, fui eu e ele, dentro do teu olhar. hoje sou o lugar misterioso que dormita dentro de ti.


l.maltez


  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...